Marido que perdeu a esposa atropelada: “Ela era nota 10”

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“Ela morreu porque não perdia um minuto de serviço. Não aceitava se atrasar”. A declaração é do marido de Carmem Maria Margel Christ, 45 anos, que morreu após ser atropelada no início da manhã da última quarta-feira, dia 17, na RS 122, em Piedade.

Fazia quatro anos que Carmem trabalhava na Fibras Bonfanti, de São Vendelino. Após tomar café com o marido, os dois se dirigiram para seus serviços. Osmar Christ trabalha como pedreiro e ia para a Feliz. Ele saiu mais cedo. Já Carmem foi pegar o ônibus para a fábrica. Mas então ela suspeitou que o ônibus já tinha passado. Eram 6h47min e ligou para a empresa. O chefe avisou que iria lhe buscar. Para ganhar tempo, Carmem preferiu ir a pé até a beira da faixa, distante cerca de um quilômetro. Só que aí houve um desencontro. O chefe foi até sua casa e não a encontrou. Em contato por telefone, combinaram de se encontrar num posto de combustíveis da margem da rodovia. Carmem estava aguardando no pátio do posto quando avisou o veículo aonde iria de carona. Decidiu atravessar a RS 122 e aí acabou sendo atingida por uma Van Renault Master que se dirigia com trabalhadores para Farroupilha.

O acidente foi bem em frente ao Salão Flach, na altura do quilômetro 35, perto da divisa entre Bom Princípio e São Vendelino, por volta de 7h30min. No atropelamento, Carmem teve lesões muito graves, principalmente na cabeça, onde sofreu um traumatismo craniano. Ela foi socorrida pelos Bombeiros Voluntários e o Samu, sendo levada para a UPA de Bom Princípio. Devido à gravidade foi removida para o Hospital Pompéia, de Caxias do Sul. E acabou não resistindo, vindo a falecer pouco antes do meio-dia da mesma quarta-feira. Ela foi velada na Capela Nossa Senhora da Piedade, onde houve missa de corpo presente com a presença de quatro padres e o sepultamento no final da tarde de quinta-feira em Piedade com a participação de grande número de familiares e amigos.

A morte de Carmem causou grande comoção na localidade de Piedade, onde morava com o esposo e um casal de filhos na Rua Felispina Klein. “Nos conhecemos quando tínhamos 21 anos. Nascemos em abril, com dois dias de diferença. São 24 anos juntos”, conta o marido Osmar, bastante abalado.  “Só quem passa por isso sabe a dor que a gente sente”, completa, citando que os filhos Cristiane, 15 anos, e Cristian, de 7, também estão muitos consternados, assim como os demais familiares e amigos.

Carmem era muito dedicada e estimada. E também bastante religiosa. Não costumava perder a missa no final de semana. Além do trabalho na empresa, vendia produtos de perfumaria para aumentar a renda da família. “Era uma ótima esposa e mãe. Muito trabalhadora”, afirma Osmar, que é irmão do vereador José Adair Christ, de São Vendelino. A família de Carmem é natural de General Neto, no município de Barão. A mãe Terezinha ainda mora em General Neto. O pai, Mario Leopoldo Margel, já é falecido. Carmem deixou ainda os irmãos Neiva, Flavio e Adair. “Ela era nota 10. A mulher que vou amar até morrer”, concluiu Osmar Christ, sem esconder as lágrimas.

Guilherme Baptista

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