Pacientes do Vale do Caí relatam como venceram o coronavírus

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Em meio à pandemia, a boa notícia é de que o Rio Grande do Sul tem o maior índice de recuperados da doença, com cerca de 70% de curados do coronavírus. E no Vale do Caí todos os casos confirmados, que passaram pelos hospitais ou ficaram em quarentena em casa, conseguiram a cura. A região, que até agora registra 19 casos confirmados, não teve até o momento nenhum óbito em decorrência de Covid-19.

“Tentava e não vinha ar”

Marcelo Schneider já pensa em voltar ao trabalho como motorista de caminhão – Reprodução/FN

Em Montenegro, que tem dois hospitais com unidades de terapia intensiva, todos os casos confirmados de Covid-19 da região foram recuperados. No Hospital Unimed, seis pacientes que deram positivo para coronavírus e estiveram internados, já tiveram alta. Até o início desta semana apenas dois casos suspeitos, que aguardam resultado de exames de laboratório, estavam internados. Entre os casos recuperados está de um caminhoneiro de Harmonia, que chegou ao hospital em estado grave, ficando 12 dias no CTI. “Eu tinha falta de ar, febre e dor de cabeça. Em 20 anos como motorista nunca tinha passado por isso”, lembra Marcelo José Schneider, de 46 anos, quando teve os sintomas e foi buscado de ambulância em Iraí, no norte do Estado, onde trabalhava no caminhão de uma empresa. “Na primeira semana não me lembro de nada. Estava sedado. Só na segunda semana vi que era grave. Parecia que ia virar a ficha. Entrei em desespero, mas me acalmaram”, recorda, elogiando a equipe médica e enfermeiros do Hospital Unimed, de Montenegro. “São anjos na terra”, diz. Na véspera da Páscoa, após ser desentubado, Marcelo deixou o CTI e passou para o quarto. Aí teve a oportunidade de, por videochamada, falar com a esposa Cliceia, com o casal de filhos de 13 e 5 anos, além dos pais. “Foi o momento mais emocionante da minha vida”, lembra, após duas semanas sem contato com os familiares. Ficou ainda mais uma semana no quarto e depois em isolamento em casa. “Estou cem por cento curado, mas ainda não sai de casa, pois a imunidade está baixa. Fico brincando com meus filhos”, completa, citando que ainda se recupera de um início de trombose e artrite. Sobre a maior dificuldade, Marcelo diz que era a angústia de não conseguir respirar. “Tentava e não vinha o ar”, conta. Ele já pensa em voltar a trabalhar como motorista em questão de duas semanas. “Todos devem se cuidar. Só quem passou por isso sabe como é”, conclui.

No Hospital Montenegro, dois pacientes que deram positivo para coronavírus também já estão recuperados, inclusive a funcionária do HM, que voltou ao trabalho. Atualmente nenhum caso confirmado está internado no Hospital Montenegro, sendo que até o início da semana tinham dois casos suspeitos no setor de internação e um na UTI.

Paciente tem alta sob aplausos

Paciente de 39 anos teve alta do Hospital Unimed sob aplausos
– Crédito: Unimed/Reprodução

O presidente da Unimed Vale do Caí, Everton Bochi, e o diretor do Hospital Montenegro, destacam que os hospitais estão preparados para receber pacientes, inclusive com centrais de triagem e alas especiais devidamente equipadas. Mas é importante que não tenham muitos casos ao mesmo tempo, o que pode provocar a falta de leitos. Por isso a importância da prevenção, através do isolamento, procurando ficar em casa, principalmente os idosos e pessoas dos grupos de risco, com medidas de higiene e limpeza. E quando for necessário sair, procurar usar máscara, ter o distanciamento e evitar aglomerações. Com isso, mais momentos emocionantes poderão ser vividos, como a da paciente de 39 anos que na manhã da última segunda-feira teve alta do Hospital Unimed sob salva de palmas de médicos e enfermeiros, após 13 dias de internação, sendo 11 no CTI e 9 em ventilação mecânica, sendo o terceiro caso recuperado em Montenegro.

“Passou o temporal”

Carlos Campani, o “Papai-Noel”, tem procurado ficar em casa
– Reprodução/FN

Carlos Antônio Campani, de 88 anos, conhecido como “Papai-Noel”, e o neto Cassiano Campani Pereira, de 33 anos, ambos de São Sebastião do Caí, contraíram o vírus durante viagem ao Rio de Janeiro. “Já passou o temporal”, comemora Carlos Campani. Ele lembra de ter tido apenas tosse seca. “Não tive febre e nem falta de ar. “Fiquei tranqüilo, Tinha muito sono. Só queria dormir. A maior dificuldade era não poder ter contato direto com familiares e amigos”, conta. Já o neto Cassiano não teve qualquer sintoma. Depois da quarentena, em que ficaram em isolamento domiciliar, ambos já estão curados e não transmitem mais a doença. “Continuo ficando em casa e tomando todos os cuidados necessários”, afirma Carlos Campani.

 

 

 

“Estou curado”

Roque Klein, de 66 anos, acredita ter contraído o vírus na Colômbia
– Crédito: Prefeitura

Integrante do coral municipal de Pareci Novo, Roque José Klein, 66 anos, também conseguiu se livrar do temido coronavírus. No mês passado, após retornar de viagem à Colômbia, Roque começou a ter febre diária. A partir do acompanhamento de profissionais do posto de saúde, manteve os cuidados solicitados. Mas como a febre continuava, foi encaminhado ao Hospital da Unimed, em Montenegro, sendo internado e sendo realizada a coleta de material para exame do Covid-19. O exame deu positivo, sendo o primeiro caso de coronavírus no Pareci. Roque ficou internado por mais dois dias. Depois da alta, manteve o isolamento em casa, já que não apresentava mais sintomas. Passou a dormir em quarto separado, mas fazia as refeições com a família. Seguindo as recomendações médicas e tomando antibióticos, Roque não saiu de casa nenhuma vez durante a quarentena. Na última quarta-feira, dia 22, Roque ouviu do médico a melhor notícia dos últimos anos: estava livre do coronavírus. “Estou curado. Sou um paciente recuperado”, comemora Roque. E não oferece risco algum para qualquer pessoa, já que o coronavírus foi eliminado do corpo dele. “Claro que ainda tenho que me precaver, como qualquer pessoa, mas estou curado”, tranquiliza. Roque Klein acredita que tenha contraído o vírus no aeroporto de Bogotá, capital da Colômbia. No dia em que estava previsto o retorno ao Brasil, os vôos foram cancelados e havia muita gente no local.

Claudio Oderich também está recuperado e voltou a trabalhar
– Crédito: Grêmio/Divulgação

Diretor da empresa Conservas Oderich, do Caí, e vice-presidente do Grêmio, o empresário Claudio Oderich, de 61 anos, acredita que contraiu o vírus durante o jantar do Gre-Nal das Américas, na véspera do clássico na Arena, quando mais dirigentes, inclusive os presidentes dos dois clubes, também depois deram positivo para Covid-19. Morador de São Leopoldo, mas trabalhando no Caí, Claudio diz que se recuperou em casa, assim como a esposa e filho, que também tiveram coronavírus. “Todos tivemos os mesmos sintomas”, diz, lembrando de tosse seca e calafrio. Recorda que antes de ter o diagnóstico, chegou a participar de reunião na empresa. Por isso a Oderich chegou a dar férias coletivas aos funcionários, mas após uma semana voltou as atividades normalmente, pois nenhum colaborador teve a doença. Além da direção da empresa, Claudio já está novamente participando das reuniões da diretoria do Grêmio, com o clube programando a volta do futebol.

 

 

Guilherme Baptista

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