Paralisação causa grande prejuízo para a agricultura

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As paralisações chegam ao décimo dia nesta quarta-feira. Na terça-feira ocorreu nova manifestação na RS 122 em Bom Princípio e prosseguem os protestos em outros trechos de rodovias. Alguns postos da região, inclusive em Bom Princípio, começaram a receber ontem gasolina, o que tem provocado grandes filas para o abastecimento.

A preocupação é também com o desabastecimento nos mercados. Muitos produtos já estão faltando nas prateleiras, principalmente carne, leite, pão e hortifrutigranjeiros. Também gás de cozinha falta nas distribuidoras. Algumas empresas suspenderam a produção. Ônibus estão com horários reduzidos. Escolas tiveram as aulas suspensas. Eventos e jogos no final de semana foram adiados. O Dia do Desafio, envolvendo várias cidades na prática de exercícios e que sempre ocorre na última quarta-feira de maio, e que portanto estava programado esta quarta, pela primeira vez foi adiado, sendo transferido para 27 de junho. A coleta de lixo foi suspensa em várias cidades, incluindo Bom Princípio, devido a falta de combustível. Assim como outras cidades, em Bom Princípio também decretou situação de emergência. Com isso máquinas e caminhões da Prefeitura estão parados, como medida de contingência para garantir o abastecimento das ambulâncias e veículos dos serviços de saúde. Preocupação também com os estoques de comida, medicamentos e oxigênio dos hospitais, incluindo o São Pedro Canísio, de Bom Princípio, e a própria UPA e postos de saúde, que estão fazendo uso racional dos materiais devido à dificuldade em receber mantimentos. Também ocorre a falta de médicos, enfermeiros e demais profissionais devido a dificuldade de transporte. Para as viaturas da Brigada Militar, Polícia Civil, ambulâncias, bombeiros e veículos de transporte de pacientes o combustível está garantido e os serviços funcionam normalmente.

Preocupação também na agricultura, uma categoria que vinha apoiando as paralisações. Mas agora muitos produtores estão tendo grandes prejuízos. A falta de ração tem provocado a morte de frangos e suínos, justamente quando não estão ocorrendo abates nos frigoríficos. A empresa Naturovos, de Salvador do Sul, começou ontem a doar para das galinhas que estão nas suas propriedades de produtores integrados. Grandes filas já se formaram e a previsão é de distribuir até 150 mil galinhas em Salvador do Sul, Tupandi e Barão. Na localidade de Morro da Manteiga, em Tupandi, uma família de produtores rurais anunciou pelo facebook a doação de 22 mil galinhas por falta de ração. Outras produções também estão tendo prejuízos, como de hortifrutigranjeiros, leite e derivados.

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag), que desde o início dos protestos manifestou apoio a mobilização dos caminhoneiros, emitiu nota oficial ontem lamentando os prejuízos para mais de 100 mil famílias de produtores, que estão perdendo toda a produção. Por isso solicitou que os sindicatos dos trabalhadores rurais retirem o apoio as paralisações e conclamou  que seja permitida a passagem dos caminhões com produtos dos agricultores, além de insumos e rações, já que o prejuízo não tem precedentes. A mesma posição tem a Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (AMVARC), composta por 20 municípios da região, que também apoiou a paralisação, mas que diante do prejuízo irreparável aos produtores, principalmente de suínos, leite, aves e ovos, e para as indústrias de alimentos, pediu a volta da normalidade e o restabelecimento das atividades.

Guilherme Baptista

Foto: Galinhas estão sendo doadas por falta de ração (Crédito: Fato Novo)

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